Neste instante, inicio devaneios da madrugada volume 1 (notas da nossa era: teclados de notebook não servem para poesia).
Me deu vergonha agora, me deu vergonha de escrever. Aliás, estou mesmo é com vergonha de lembrar de um pequeno grande projeto que tive outra vez em uma noite (de delírio mútuo?) com meu amigo Cavernoso. O plano era bem simples, porém de difícil implementação: fazer uma performance artística improvisada na rua XV, levaríamos nossas almas insatisfeitas e gritaríamos por alguns segundos lá, até que a vergonha e olhar de repulsa dos outros nos desse noção do papel ridículo que estaríamos fazendo (a coisa teria que ser treinada e planejada antes, ora, se não fosse algo que durasse pelo menos 3 horas seria melhor que nunca tivéssemos tentado).
Bem, agora pensando nisso estou com outra vontade… uma vontade de pegar, tomar uns goles de birita antes e gritar algumas coisas pró-revolução e sair pulando (Descalço para não danificar o patrimônio alheio) sobre uns carros parados em uma dessas merdas de congestionamentos que irritam e nos fazem sentir nojo quando chegamos em casa, nojo do tempo perdido, das músicas e notícias irritantes a que fomos submetidos e nojo de sabermos que a convivência com nossa família durará apenas algumas horas até que o despertador anuncie mais um dia parado, congestionado (isso porque vivo em Curitiba ainda, se eu morasse em São Paulo é capaz de até este plano ser colocado em prática).
Há algum tempo que não escrevo nada formalmente poético, na verdade nunca fui muito de poesia; certo dia eu estava bêbado na frente da casa de um amigo meu e eu expeli alguns versos pretensos.
Bem, mas voltarei ao que interessa, pequenos projetos de quebra de rotina:
- (Censurado por mim mesmo) quando eu acordar… não, trata-se de algo grotesco, imoral e além do mais, um atentado à Família que nunca será perdoado (fora da lista).
- Usar um lança-chamas…
Isto está ficando estranho,algo que deve ser dito é que qualquer experiência deve ser feita sobre a mais absoluta sobriedade. Cometer atos imorais com intenções socialmente ascéticas só tem validade sem drogas ou birita. Estou inaugurando agora uma era (ou uma horda?) de valentões e valentinas (WTF?) que vão revolucionar o espírito da juventude através de uma sobriedade embriagada pela vontade de nos reconhecer olhando nos olhos e, talvez, resmungando em voz alta.
Certo. Idéias coletivas. O que eu posso propor na minha situação de pouca experiência e preguiça burguesa com intenções fictícias?
Já sei, vou olhar no título do meu blog para ver se tenho alguma idéia:
“Oficina de ficções?”
Hum, algo vago e muito formal, discreto e estério (estereo, não estéril).
He He He, olha só o que eu escrevi embaixo: “O conteúdo deste blog é um excerto de um tempo da minha vida onde o tédio e a esperança se mesclavam com uma vontade latente e crescente de escrever com força, raiva e dor, ou seja, com paixão.”
Bem , eu até mesmo nos meus momentos menos auto-punitivos olharia com um olhar de desprezo para isso mas… pensando bem, o que diabos eu estava pensando quando escrevi aquilo, puta merda, que vontade de deletar isto do cabeçalho… mas vou deixar ali, como marca e incentivo para que eu escreva “com força, raiva e dor, ou seja, com paixão”. Na verdade não ficou tão ruim assim, mas com uma pretensão romântica e emotiva que não condiz com os palavrões que eu escrevo com tanta freqüência. Aliás, tédio e esperança? Como assim, tédio e esperança? Essas palavras não podem existir juntas, tédio + esperança é a pior combinação de afetos possível, é uma mistura de auto-piedade somada à indolência e preguiça e a vontade de ser resgatado por uma alma salvadora… isso é tão feminio, passivo, ridiculamente propenso ao estímulo de ficar aqui me esperneando castigando o teclado ( o que é certo e de fato ocorre).
Bem, “Excerto da minha vida” está certo… “vontade latente”… tá… vontade de escrever. Bem, acho que não há nada de errado ali, mas também não tem nada inspirador. Aliás, só para terminar o assunto, alguém notou que tem uma figurinha ali em cima? Parece o nordeste com um filtro marrom né? Quem chutou isso quase acertou, trata-se de marte visto na perspectiva de um robozinho estadunidense… ai ai, I might as well be on mars. Tudo aqui é de um escapismo, uma futilidade tão grande que estou com vontade mesmo é de escapar daqui, mas acontece que a partir do momento que você começa a escrever e se identificar com o que escreve, pára de se auto-censurar e começa realmente a aceitar que estas palavras irregulares te pertencem você não consegue fugir da situação, esta acaba sendo sua única realidade. Para quem não está entende é como se você tentasse imaginar conhecer todas as pessoas que vc não conhece do mundo… difícil né? Então, a questão é basicamente esta.
Mas daí vem a pergunta, será que aquele mesmo Autor que estava ali na sala tirando sarro dos puladores de cama-elástica da olimpíada contém a mesma essência do que escreve agora? Digo, a natureza do escritor é somente um fragmento de uma gama enorme de personalidades, micro-personalidades, que se manifesta durante o dia. Eu conseguiria cantar muitos improvisos aqui, profanando a música que daria vontade a … esqueci qual é o deus da música… Orfeu, isso, Orfeu vir aqui e me dar um chute no traseiro. Bem, conseguiria também fazer muitos rabiscos em um papel e fazer infinitas piadas de teor gay além é claro de imitar uma criança fazendo manha, mas isso não vem ao caso, o que mais importa aqui é se o meu olhar, aquele olhar que eu tenho quando observo a lua ou a calçada, o padrão irregular da calçada, é o mesmo que eu escrevo aqui. Aqui eu olho para minha memória e tento reproduzir por meio de palavras, ali eu simplesmente observo a calçada e não quero materializar aquilo de forma alguma. Acho que a solução para isso, como para muitas outras coisas, está na tecnologia. Eis aqui minha profecia, usaremos câmeras 24hrs 7 dias por semana sobre nossas cabeças que filmará e gravará auditivamente toda nossa existência, assim poderemos evitar mal entendidos em brigas e afirmações anteriores, assim como contemplarmos novamente determinados momentos sem precisar recorrer a métodos rudimentares como este de ficar escrevendo e gastando dedo à beça.
Eu por exemplo gostaria muito de rever algumas imagens que eu tenho vagamente em minha memória de um ano e meio atrás, quando eu olhava o céu esbranquiçado e o ar difuso que misturava as cores em azul, branco e cor do meu amor aqui mesmo na frente da minha casa, era um olhar loiro com cabelos marrons e tÃo gostoso que dá vontade de escrever ahhhhhhhhhhhhhhhh aqui só para deixar o leito com vontade de rever este videoteipe mental. Tem outras coisas que eu gostaria de rever, coisas da infância, alguns pequenos momentos da minha adolescência. Bem, isso nunca vai acontecer, convém continuar discutindo o problema da memória aqui.
Tenho alguns relatos de sonhos feitos em meados de julho deste ano (2008) para registrar aqui: (copiar e colar).
“De que me adianta os músculos do mundo sem poder viajar conforme a música, o delírio de poder combinar signos e tentar, por combinação infinita exaurir todas as possibilidades comunicativas, este barulho que me maltrata e me desgasta e ferra meu coração e traça meu destino, a música não serve somente como entretenimento momentâneo, engana-se aquele que acha que a música é um mero prazer efêmero, ela traça nossas expectativas e elimina nossas esperanças.
Todas as promessas que esta música me fez eu agora elimino com minha espada sagrada, todos os jorros de notas pretensamente fecundas agora caem em minha cabeça estéril. Depois do arco-íris eu quero encontrar a chuva (minha coluna dói; nonsense daqui para cima e kitsch daqui para baixo). A vontade de se expressar não depende de interlocutor. Queria tanto poder sair deste bar, a bebida é ruim e toca só Jimi Hendrix a despeito dos meus gritos por Raul, o Jimi Hendrix brasileiro com letras melhores e um jeito de tocar guitarra muito tosco. Aliás, é sempre bom lembrar também que a música não depende dos ouvidos ou da sensação acústica, é sempre bom lembrar que a música é mais sugerida do que realmente executada, é sugerida pela visão… se isso não ocorre a música vai lá e PIMBA, ela te encanta e aí já era meu amigo, você se viciará pelo que há de mais perverso na música.
Mas o bar nunca fecha e as minha forças se esgotam antes de sequer trocar a primeira banda, a segunda será uma cópia dos Beatles (já não suporto mais essa tentativa de resgate desses manés de Liverpool e sua corja de velhos apáticos de sonhos frustrados dos anos 70).
Se estou embriagado? Sim, mas era justamente isso, não escuto nada, somente o tilintar dos copos e os rugidos de fúria desta multidão de desconhecidos, de sombras de almas mudas, mudas que nunca brotarão.
Na verdade eu não estou em um bar (já viu alguém escrevendo em seu blog em um boteco tocando Jimi Hendrix), estou mesmo é escrevendo no meu quarto bem acomodado, agasalhado e tomando Toddy e arrumando os playlists do meu ipobre. Mas eu gosto de imaginar que estou nos anos 70 mesmo vendo um rapaz se fazer de Jimi Hendrix (no final das contas eu nem sou velho e já estou alimentando nostalgias fúteis) — toda crítica ao hedonismo contemporâneo se faz primeiramente resgatando o que há de negativo ainda nas seguintes palavras: fútil, hedonismo, efêmero, anacrônico, fetiche.
Aliás, por falar em fetiche é sempre bom lembrar da minha primeira ida ao sex-shop (que ainda não aconteceu, mas certamente não irá muito além disso): eu me apresento com ou mero curioso e vem uma moça bastante simpática oferecendo a última novidade do mercado: calcinhas comestíveis sem calorias. Pera lá, calcinhas comestíveis sem calorias?!? Tudo bem, que eu já tinha conhecimento de que existem calcinhas comestíveis eu já sabia mas agora que alguém da indústria ou algum consumidor se importou com o conteúdo nutritivo desses instrumentos da perversão, daí já é demais né? Bem, não importa, o fato é que poderia bem ser um diabético querendo participar do mundo cheio de fetiches do sexo (já não basta o problema erétil que possivelmente os diabéticos sofrem).
Quero eliminar algumas palavras do cotidiano do meu blog, tais como: né, Pera (não Pêra), Bem… esses conectivos pobres que só revelam minha técnica literária tosca, porém contemporânea (nunca vou deixar que me tirem este rótulo dos meus produtos intelectuais, contemporâneo… ora, o mínimo que posso ser é uma vítimas das vicissitudes do meu tempo).
Quantos parênteses eu já usei? quero saber por que de que adianta escrever se simplesmente replico a dinâmica do meu pensamento, a saber, caótica, amorfa e gordurosa (curiosidade: alguém aí, como eu, associa o cérebro com banha, gorduras e óleos? Não? Deve ser algo que eu comecei a associar depois das bainhas de mielina que são gordurinhas do bem que dão o choque entre os neurônios).
Quero listar os filmes agora que assisti ou reassisti recentemente, listados em desordem crescente:
Meu ódio será tua herança — bang bang onde os bandidos morrem e no final há muita risada, tem poucas mortes e uma música brega pra cacete.
Blade Runner — corredor-lâmina, é o Harrison Ford que tem que matar os andróides mais humanos que os próprios humanos; palavras-chave: reificação, fetiche e tesão por androidinhas além é claro de muita gente entulhada, ora, é o futuro.
Sexto Sentido — spoiler warning, o Shyamalan (grafias alternativas: sheimalão, xiámalã, etc) quer passar a perna na gente pensando que não sacamos que o cara tava morto desde o começo
All these women — comédia pastelão do Bergman, He He He (risada com sotaque sueco)
Os intocáveis — porcaria de filme overated do Brian de palma
Os imperdoáveis — o coitado do Clint voltando a tomar umas canas
Domésticas — filmes de domésticas com o Fernando Meirelles que tenta romantizar pela técnica umas das profissões mais chatas porém nobre do mundo
No country for old men – Anton Sugar is badass.
Sexta feira 13 — que lixo
O massacre da serra elétrica — DO CACETE!!! Filmão com vários bichos do mato tais como aqueles que mataram o casal que foi acampar no meio do mato em São Paulo.
A casa do Espanto: filmes pretensamente de terror no início mas que depois de um tempo o roteirista percebe: ah, vou esculachar pra comédia!
O Poderosooo Chefão (sim as três partes): Best movie ever
O retorno – spoiler warning (filme russo foda com ritmo lento, tão lento que realmente uma morte começa a fazer diferença do filme (ora, estamos acostumados a não nos sensibilizar com nada, nem com estupros ou pessoas com a pele do avesso, até que é mérito))— quantos parênteses eu deveria colocar aqui?
Oldboy — outro filme que dá tanta volta que você começa a se confundir se a estrutura do filme foi decidida a priori ou foi sendo remendada com gambiarras a partir de um ponto para ser com mais momentos que vc acha que é o final,.
Escritores da liberdade – a professora conquista com o coração um monte de alunos violentos, bão também.
Vanilla Sky — o futuro chato que reproduz o que somos na vida real, porrrra!!! Eu não quero uma Matrix/realidade alternativa com meu corpo em um óvulo incubador para reproduzir o dia-dia, quero mesmo é ser bancar eu mesmo deus jogando Civilization…
Um com o Bill Murray que recebeu uma cartinha e ele volta atrás das namoradas que ele não via há um tempão, ele é o Don Juan e é motorizado com música do Mulatão Astakte
Memórias de uma gueixa — fuckin boring mas chorei
Laranja MecÂnica: Hehe, eu sou mesmo uma mula, de tantas partes boas eu só consigo lembrar e rir do finalzinho do Druguinho-mor recebendo papinha do senador/ministro/sei lá.
Declínio do império americano — para lembrar como professores universitários cultos podem cair mais na putaria que festa de funk carioca no pé do morro.
Monty Python o sentido da vida – Ao contrário do prometido no começo, nem tem tanta peitola rolando na tela, não recomendo.
O império do besteirol contra ataca – meio sux também, mas hehehe… a cartilha da hora de pegar carona é legal de se lembrar
Garotas do abc – do caralho, miséria e esperanças no abc paulista
Trash do Andy Warhol – uma bosta, toda hora aparece o bilau do junkie-protagonista … aliás o filme prova que vida de junkie é um lixo mesmo.
Ai ai, bem, Vou listar todas as músicas que eu já ouvi na vida:
A-há – Take on Me
Abba… Brincadeira, não faria algo tão chato e inútil assim.
Muá, que sono, vou mimir, tchau druguinhos.”
Isto tudo eu escrevi durante um dia das minhas férias, mas o que eu realmente deveria ter colado era isso.
“Tenho aqui narrativas de sonhos, parciais e fragmentadas.
Hoje eu sonhei com um amigo Sonhador. Após horas fingindo que éramos bandidos eu fui dormir. Sonhei.
Corríamos e enquanto eu olhava para trás pude observá-lo vindo montado em seu jacaré (em seu jacaré?). Até agora tento restabelecer qual poderia ser o vínculo disso com qualquer contraparte da realidade; não há.
O jacaré vinha em alta velocidade e ele montado em cima, como quem monta em um skateboard, ultrapassava-me e seguia até que sua montaria secasse. Tal como um caruncho que seca para estender sua vida, o jacaré rendeu-se à imobilidade e fez com que nos olhássemos e logo concluíssemos que precisávamos de água ou comida. Indo buscar algo no mercado logo à frente, o Sonhador abandonou-me com o jacaré em um pântano que lembrava a parte baixa da cidade de Ribeirão do Pinhal e as cachoeiras próximas à Ponta Grossa onde fui certa vez com minha irmã.
Após isso, vi o Sonhador correndo contra eu sendo seguido por um baixinho invocado. Aí já estávamos nas proximidades do supermercado Festival em Curitiba. Enquanto eles passavam por mim pude interrogar o perseguidor e constatar que o Sonhador havia cometido o crime de manter animais silvestres em cativeiro e no caso o perseguidor era um ex-promotor fazendo justiça com as próprias mãos. Bem, aí a cena se transportou para uma casa com piscina onde o jacaré tomava banho e todos observavam o Sonhador se aproximando dele e o cativando. Protegida as crianças da casa, sobrou para mim ser mordido pelo cachorro da casa na mão, isso parecia dor mesmo.
Esses dias eu sonhei que minha amiga Ansiosa desistia do curso que tentava fazer, mas isso não é um sonho, será realidade.
Hoje tive outro sonho, pior do que o anterior. Como eu poderia descrever aquilo? Todos dizem para anotarmos nossos sonhos logo após o despertar mas isto é a dica mais estúpida que eu já ouvi, já que dificilmente estamos prontos mentalmente para transcrevermos sonhos em mais do que poucas palavras logo após o amanhecer. Ora, senão vejamos se eu tivesse procedido desta forma.
Nhammmmmmmmmmm (acordando)…
Hummm… Olha Distante, bicicletas, tiros em um campo de futebol aqui na AABB em SAP, café, fumaça entre seus dentes, um cabelo negro comprido recém tingido visto por trás (na verdade ela nunca pintaria o cabelo, o que ocorre é que ela estava diferente, era uma mistura de amores possíveis; o cabelo estava pintado de preto até as bordas, sendo estas mantidas em sua cor original, loiro… como que para provar que sua cor original era loira e que ela estava indo contra a tendência de enloirecer, e sim queria se amorenizar).
Pois bem, após tiros e assassinatos entre amigos com diferentes armas de fogo, pude andei com Olhar Distante de bicicleta pelas ruas da Avenida Iguaçu entrecortando os carros, era noite e as luzes se estendiam em feixes coloridos, a cena era em terceira pessoa e uma câmera pegava em uma tomada alta.
Claro que tudo isto é uma invenção, como todo sonho tudo o que me restam são quatro frames que sou incapaz de reproduzir visualmente, então tenho que fazer narrações tocas no papel.
Já em outra ocasião, na esquina da Avenida Iguaçu com a Avenida República Argentina eu e ela combinamos de nos encontrarmos no café.
Já lá, eu estou conversando distraidamente com um casal de amigos e observo uma moça distante, minha miopia (real) impede que eu a identifique com clareza, ainda mais pelo fato dela trajar um chapéu que impede que eu tenha certeza de seus cabelos loiros.
Bem, após isso ela me aborda e reclama da minha demora em ir ter com ela. Ora, peço desculpas e vejo-a toda má e indisposta, com um jeito de self-made-woman.
O café era mais uma taverna medieval rústica parecida com o Café do Teatro, feia e cheia de móveis mal-envernizados em um ambiente esfumaçado e quase hostil. As cadeiras estava lotadas, tentávamos juntar 4 cadeiras para eu, ela e um casal amigo que desconheço a identidade. Ela, contudo, não se se senta e vai ter com outro casal de amigos (começo agora a fazer referências a uma noite de bebedeira com vários amigos em um dia frio de inverno no shopping).
Olho-a de trás, vejo denovo seus cabelos. Ela fuma, a cena se transfere rapidamente e vejo-a na minha frente com seu olhar branco, seu rosto magro cadavérico e o pior, sua boca tragando um cigarro e terminando o quadro horrivelmente noir que sentencia a morte de um amor e o nascimento de um moribundo.
1984, um ano de eu nascer.
Escuridão, INGSOC, Grande irmão, um pequeno romance ceifado pela morte programada, um lampejo de pesadelo de um escritor prolífico?
Torres enormes são ministérios que controlam as pessoas, não existem indivíduos e a era do amor cínico e hipócrita dará lugar ao ódio honesto e sincero.
O amor vigiado dará lugar a meses de mutilação física e mental.
Quantas correlações podem fazer deste livro com a vida?
1984 é apenas isto? Um lampejo de delírio maligno em um escritor? Estou me enganando? As metáforas do livro são tão óbvias que sequer consigo vê-las? Ou o escritor é somente um vórtex criativo e com um raio intelectual enorme a ponto de querer ofender os leitores com algo tão escuro, brincar com as expectativas afetivas do leitor de que haverá uma revolução, um levante por parte desta organização chamada Fraternidade?
A sala… a sala e seus corredores de tortura. Salas sufocantes sem janela nem sol, o cérebro é eletrocutado e seu portador começa a distorcer a realidade, a ver coisas inexistentes, a acreditar que o ódio é capaz de modificar a matéria. A realidade só existe dentro da mente.
Pequenos jogos filosóficos? Jogo de palavras onde o leitor acredita construir o suporte estilístico através de seu próprio conhecimento?
(Acabei de assistir ao filme Broken Flowers, com Bill Murray de Jim Jamursch. Achei no início que Winston —Jeffrey Wright — fosse o Cheech do Cheech and Chong. Uma carta anônima induz um velho amante a buscar um suposto filho, no caminho, ele não acha nada a não ser paranóia em olhares que falseiam o passado)”
Agora sim, aproveitei e registrei uma lista de filmes que assisti, sempre bom ter esse tipo de coisa para vc não errar na hora de alugar.
Certo, agora que eu colei coisas passadas já tenho material suficiente para completar um post gordo nesta manhã de sábado.
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