Promessas

É noite e os pássaros espreitam meu cadáver. Não são todos os pássaros, são somente os pardais. Enquanto é dia eles cantam mas a noite… bem, vocês já se perguntaram alguma vez para onde vão todos os pardais que ficam o dia inteiro cantarolando? Eles se tornam espectros à noite e vagam por aqui perto, aqui mesmo no bairro água verde onde existe um cemitério enorme.

    O cemitério não tem nada a ver com os pardais que não tem nada a ver com o meu medo de morrer que aliás não passa de um devaneio literário efêmero. Mas que a noite está desgostosa está. Choveu agora pouco, fui andar de bicicleta ontem, choveu agora pouco e já faz tempo que não amo. Choveu agora pouco e quem sabe um dia eu darei outra volta ali no bairro ao lado.

    Passaram-se quantas semanas e eu não escrevi nada, acho que foram anos. Eu tenho o projeto de escrever todos os dias que se passaram em minha vida até hoje mas isto é um absurdo, já que a cada dia escrito eu perco outro dia escrevendo.

    Eu detestei esses dias… eles simplesmente evaporaram. O ócio consumiu eles? Acho pouco provável, o que ocorreu de fato foi a exposição reiterada a atividades que não tem nada a ver comigo: socialização virtual forçada e jogatina imprudente e irresponsável.

    Mas estes dias acabaram já que eu me acabei junto com eles, agora são dias novos com seus mesmos temores e a mesma vontade inocente de que o amanhã não é mais do que uma promessa, assim como o entardecer em Curitiba é a promessa de um paraíso.

~ por guitahero em junho 10, 2008.

3 Respostas to “Promessas”

  1. Novos dias que me parecem tão iguais aos velhos. Mas as promessas! Ah estas sim, não é que não sejam as mesmas, mas elas nunca envelhecem. Façamos delas nossa lente de cores pela qual olharemos e veremos somente o que há de puro, bom e belo no mundo, por tanto tempo até que nos pareça normal, e que passemos a normalmente viver estas coisas – o puro, o bom, e o belo.

  2. Mas afinal, qual a promessa que você fez para aquele amanhã te trazer e te embalar no entardecer?

  3. Ah, a resposta: ao seu lado talvez longe e sem pretensões. Vivendo ou assistindo sim as construções de almas alheias, que é a graça de tudo.

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